AS QUATRO ESTAÇÕES
O frescor manso da brisa enuncia a estação primaveril.
Desabrocham-se as flores sobejando o seu convidativo néctar,
num colorido enternecedor, enquanto os passarinhos felizes
entoam cantos de paz!
O tempo, porém passa incessante, sorrateiro e, gradualmente,
vai deixando nos corações plangentes, um quê sutil de saudade,
lembrando pétalas ao chão nos finais de belas festas!
Vem o verão com seu manto quimérico, braçar os rincões,
trazendo estimulante convite aos passeios memoráveis e
distantes. É como se a liberdade pairasse no ar!
As águas praianas agitam o seu escaldar de espumas prateadas.
O calor solar em sua magnitude irradia sensual animosidade
nas falanges libertas.
As chuvas periódicas correm pelos morros arrastando
penachos, mas, apesar das enxurradas e das apreensões em dia
de temporais em que olhares perscrutadores amedrontam-se
com a força intempestiva do vento que inclina e derruba árvores
com gigantescos rodamoinhos unindo-se em espirais de poeira.
A cada chuva que passa vem a certeza de que um novo dia de sol
sempre renasce para devolver o rito harmonioso, feliz e contínuo
da vida na proximidade do final lânguido e inesquecível do
ardoroso verão que se esvai...
O Outono chega veloz. Na doce estação dos frutos,
a abundância das colheitas se propaga: preliminarmente no
hemisfério sul e, a seguir, no hemisfério norte. As dádivas divinas
suprem as necessidades dos víveres, e remete os humanos, ao
sentimento maior da gratidão. Os seres sorriem felizes! As aves
em suas gárgulas ficam mais aquém... No sagrado solo, um brilho
diferente reluz em cada olhar e flores ocultas de gratidão
rompem silêncios e insurgem nos corações.
Quando o outono chega ao fim, é como se ouvíssemos o sussurrar
de um coro da multidão a dizer: "Adeus, outono da minha vida!".
O eterno ciclo das estações cumpre o seu rito anual com a
chegada do gélido inverno. A estação hibernal une os corações,
aquece as almas com a magia singela do seu manto níveo
vislumbrando magias na natureza transmudada na formosura de
suas paisagens. É tempo de repensar!... É chegado o momento
da reflexão maior aos atos e sentimentos próprios e para com os
semelhantes.
Os animais e as avezinhas despedem-se das âncoras e refugiam-se
nos seus ninhos... Reacendem-se as lareiras, e as chamas de ternura
refletidas em cada coração é chama que vem do céu como afetos
derramados de semântico e invisível véu!
Assim como a vida segue cumprindo velozmente o seu ciclo de
beleza eterna e pura, a intuição da qual somos dotados aprofunda
maiores reflexões sobre a preservação ambiental que nunca, em
nossas vidas, se fez tão necessária para que não fiquemos sempre
mais alados e distantes do domínio da mãe natureza e do sublimado
encanto de suas dádivas divinais.