Cenas de Outras Eras
Ah! Esse universo de séculos! Teria ele abrigado minha alma em outras vidas? Agora, reflexiva transponho-me aos seus remotos anos, pelos idos das eras. Até onde teria ido ou ainda vai o meu espírito? Encantos e enigmas, envolvem o meu ser e os meus sentidos se perdem, na amplidão do infinito. Meu corpo estático, dentro desse entadecer, dista da minha alma que insiste em visitar séculos, por onde se abrigara, na quietude das minhas tardes eternas.
leio no horizonte, o resumo de tudo que vivencei. E as
lembranças, vêm tateando pelos anos, me trazendo vestigios do que já fui, retalhos de memórias, em meio a pedaços de vidas que já se foram, mas que deixaram marcas em mim, por terem sido quebradas dentro de mim. Porém o tempo se encarregara de juntar os fragmentos, do que fora estilhaçado.
Saudades do que foi bom, quanta saudade! Lembranças inesquecíveis, que estão preservados e bem guardadas, pelos cantos mais profundos do meu ser.
Ao meu redor, a transparência do ar é rubra e febril. Febril também está meu coração, sentindo saudade de algo que não sei explicar. E meu olhar reflexivo cheio de saudade, pousa entardecido sobre a linha do horizonte. O arrebol me toca, me envolve e se aninha em meu peito e com ele, reminiscências de uma eternidade já vivida, em palcos de outras eras e no etério de outros mundos. Terna e eterna, reconheço que eu existo além do meu corpo, além da minha mente. Eu exito além mim. E isso me encanta. E por isso, muitas vezes, vago a esmo pelos séculos, contemplando morros, vales, casarões, ruínas, ninhos, em velhos telhados, ouço uivos de ventos errantes, ventos que vem de longe... Ventos que permearam civilizações, por todos os séculos, rasgaram o véu de todos os tempos e vêm beijando os portais eternos até os dias de hoje. Eles vêm chegando de mansinho, como quem nada sabem, sobre os segredos dos séculos e assim, tocam-me com carinho e eu, absorta em meus mundos, às vezes esqueço-me a efêmera vida que tenho agora.
Kainha Brito
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