O inebriante feitio dos meus sonhos.

 

Eu vi nos seus olhos

Um repentino umedecimento, trazendo para os meus atentos, a leitura de uma indômita sensação… 

Eu vi no seu semblante

Um movimento indiscretamente fulminante, a exalar secretíssimos desejos…

Eu senti na sua mão 

Uma vazão de turbilhões de estremecimentos a bombardear e bambear-te o pudor…

E vi na tua pele

Como se fossem bilhões de átomos em erupção a arrepiar-te… 

E no teu rosto enrubescido e quente,

Eu o senti como a preparar-se para a recepção de uma lágrima antiga e triste…

E num abraço de almas,

Senti a vibrante cadência do seu coração, em intenso desabafo de saudades…

E senti, na força dos seus braços, 

Uma imensa vontade de vencilhar-se para sempre a mim, qual uma tatuagem ou providencial cicatriz…

Vi, de olhos fechados, pelo calor,

Sua boca em busca da minha, freneticamente, para calar meus incontroláveis murmúrios…

Vi teus olhos “pidões” a me implorar veementemente, não se vá, nunca mais!!!

E, de repente, me vi soltando gritos de descrenças e inaudíveis… mas só você não os ouvia, o mundo inteiro sim…

A quentura do seu corpo, não mais senti, um frio e um vazio preencheram-me o extasiado e ilusionado corpo…

Eu a vi se afastando…

Você foi, de mim, se afastando, a fluidificar, a esvair-se, a deixar-me lentamente, a marcar bem a sua encantadora presença…

E para sacramentar aquele denegado momento, deixou aquele sorriso escapar, um sorriso lindo de quem quer marcar a despedida que, por fim, também desilude… desengana… como a açoitar a minha perplexa e tristonha alma…  

Assim, meus quereres se sucedem, sempre na espera de à noite, poder mais uma vez te sentir, te rever, mas sem, egoisticamente, Inexplicavelmente, como toda vez se faz, de ciúmes se ressentir…