Sina das Palmas
Sina das Palmas
(Samuel da Mata)
Quem contempla um coqueiro enxerga primeiro a majestade da copa. Penacho altaneiro, viçoso, ligeiro e audaz como corça.
Depois vê-se os frutos. Os cachos nascendo, outros florescendo e a beleza dos cocos da folha quatorze.
Quando se contempla um coqueiro, vê-se um filme ligeiro da vida da gente. No nascer garboso, no frutificar viçoso e no murchar saudoso até o desbaste.
Enumere as folhas do coqueiro de cima para baixo e multiplique a numeração por três. Paralelo da vida humana, do nascer viçoso da folha um, à desenvoltura produtiva da folha quatorze, ao triste desterro das folhas vinte e cinco à frente.
Folhas, outrora empinadas, mudam, com o nascer das novas, de numeração e de garbo. Suas lombares entorcem e aos poucos se inclinam ao solo como se cansadas estivessem.
O tronco traz consigo as marcas de furtivos sonhos das folhas e floradas esquecidas, mas nada disto importa à vista do admirador. Águas passadas não tocam mujolo.