A indigerível ausência tua..
Ter saudade, na verdade, é ser passante,
Num caminho triste e infindo…
Vencidos os trechos lindos,
Que de tão bons, fixaram-se nas lembranças.
Ter saudade é sentar-se à beira do caminho,
O olhar distante e perdidinho,
A buscar a razão dessa jornada,
Sem rumo, sem nada…
De carona com as dores,
Fulcradas nos idos amores…
Em revivências delirantes,
E segue-se adiante…
E nem tem graça as paisagens,
Só se foca a tua imagem,
Que na mente se faz miragem,
Que de tão nítida… alucina…
Minha sina, minha sina!
No delírio esvai-se o juízo e desatina…
Então, levanta-se, mira-se e toma-se o rumo,
Desse vazio e desimportante caminhar.
De novo e… de novo…
E a alma torna-se uma maltrapilha andarilha
Desse desvairado caminho…
Que quando se atina,
Na verdade,
Sou eu no caminho a definhar-me…
E no meu próprio tempo, sem você, tristemente, me desvanecendo…