Passante da Vida

 

 

O ser passeia em seus pensamentos, incessantemente, sem sossego. Varre o mundo numa inquietude abrupta e sem sentido. Toda a vida viveu como numa montanha russa de altos e baixos. Nunca teve tempo pra concatenar às ideias e não percebeu a dimensão do que realmente acontecia a sua volta. Agora a vida está mais serena é nessa hora que tudo parece harmonizar-se, momento do parar para pensar, refletir e fazer uma retrospectiva, como se o tempo corre-se a galope e não houvesse oportunidade pra mais nada. E é nesse instante que a travessia vai pesar, se debate como um peixe fora d'água, mergulhando em seu eu e se desnuda das flechas apontadas para a sua alma. Braveja e condena o mundo pelas suas fraquezas e desvios de conduta. Encontra apoio no filósofo Jean-Jacques Rousseau em que afirma que o homem nasce bom e é a sociedade que o corrompe. Em outros tantos mostra-nos o esfacelamento da sociedade que crucifica o homem , condena-o a uma sobrevivência num calabouço existencial mesquinho. Assim o ser errante ameniza as marcas das cicatrizes a justificar seus augúrios, mas por certo fere a ética desse mesmo ser que nos parece ser conhecedor de obras como a de Confúcio, de Jacques Rousseau, Platão para justificar-se desse modo a querer se livrar dos cincos rios inferiores. Ainda bem que a alma grudada ao corpo pode repensar, melhorar a sua essência na última etapa da sua vida e se desviar do caronte. Quem sabe Hércules o salve do cérbero e um anjo o resgate a tempo do domínio de Hades.