O Grito

 

Os gritos de Edvard Munch deságuam sozinhos.

São utópicos desejos e mãos sem destinos. 

De tanto penar mancha as linhas dos linhos.

Mares revoltosos nas bocas dos ninhos.

 

Tantas tormentas no vale das sombras, 

Das muitas cruzadas e pontes sem vigas.

Caramanchão, caminhos sem saídas, atalhos,

Precipícios, entulhos, lixos de almas aflitas.

 

São muitas pedras e poucas picaretas,

São muitas mãos e poucas cornetas,

Gritos fortes e poucos ecos a atingir os mundos,

Mas é rico o que sofre e belo os seus cantos.