É sobre você
De que forma aquela luz distante deve brilhar por dentro?
Há algo no teu olhar que me relaxa, como se tudo finalmente estivesse acabado e eu me encontrasse a beira de um mar calmo. Sou um veleiro desgastado, venho de assíduos anos de trabalho cujo resultado sequer me gerou algum tipo de ascensão. Enfrentando a fúria indiferente do mar, causei desastres irreversíveis em minha própria natureza, vislumbrei a potencia destrutiva se fazendo presente em cada tempestade que me acompanhava nas jornadas de exploração.
Nesse exato momento, me encontro atracado a superfície terrestre por correntes grossas e resistentes. Entretanto, vivo assombrado a todo instante pela eminência de qualquer agitação do mar em minha proa. Tenho medo de ver tudo que há em mim desabando e evito ao máximo descansar em ti.
O que realmente persigo tão veemente é a paz desse silêncio tomando formatos mais robustos, desejo adiririr a esperança necessária para vislumbrar um futuro onde nós somos eternos e eu obtive a força necessária para permanecer compondo essas narrativas. Minha natureza clama por negar o que há de externo, estive apático perante tudo que tem me ocorrido. Me salvando das armadilhas que perfazem esse limbo, sua presença me mostra beleza nas camadas mais simples da vida.
Lembro do dia que nós dois ficamos em silêncio, vergonhados, esperando que o outro começasse a falar. Naquela época, mesmo sendo tão jovem e ingênuo, eu compreendia o poder do desrruptivo e sua natureza transformadora, tomei a coragem necessária e fiz a pergunta crucial que fez nossos corações se proximarem. Desde então, nós vivemos em uma espécie de sonho, integrando cada aspecto de uma dimensão própria onde flutuamos com leveza na interação dos nossos corpos. No fim das contas, nunca foram as palavras caindo dos nossos lábios que fizeram de nós algo tão único.