O tal do escritor
Em uma tarde de folga meticulosamente encaixada em meio a uma infinitude de tortuosos horários comerciais, imagens de bom dia e cafés excessivamente doces ou excessivamente amargos, encontra-se o tal do "escritor", desempenhando com afinco sua prática sem propósito munido da mais pura desesperança melancólica que o ofício poderia proporcionar. As peças de roupa que foram utilizadas durante a semana, dispostas em cantos aleatórios do quarto, juntamente com uma toalha molhada que se encontra a poucos instantes de cair da maçaneta da porta, compõem com uma precisão artística a atmosfera decadente sobre a qual ele discorre em seus breves momentos de clareza.