MEU

Meus mortos e meus amores nunca se foram de fato.

Avesso a rituais e embates,

sempre fugi do pranto ou da desavença derradeira.

Ciclos incompletos, irresolvidos.

Minhas alegrias nunca são completas

Há, sempre, um quê de finitude,

a pequena certeza de um mau porvir,

um diminuto terror, ante o fel dos abandonos.

Resta, sempre, uma pequena angústia

como espinho diminuto que não sai

Um pavor irracional e impreciso

De quem viu olhos sombrios no porão

Minhas esperanças, da mesma forma, trôpegas.

O destemor do infante ante as hostes da planície?

Nunca, jamais o possuí.

Mas, ainda assim, cá estou. E ficarei...

Pois há demasiada poesia na esperança,

Há uma doce tolice na alegria,

mas há desmedida fortaleza em quem desiste

E, sobretudo, demasiada humanidade na imperfeição...

Nairson Luiz Santos
Enviado por Nairson Luiz Santos em 18/11/2022
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