Bom dia?
Então eu acordo. Nenhuma mensagem de bom dia. Liberdade ou solidão? Ainda não descobri.
Levanto, tiro o cachorro do quintal e coloco pra dentro de casa. Limpo seus dejetos, tomo um banho e depois faço um café. Nenhuma mensagem de bom dia.
Aos poucos vou me desligando das redes sociais e parece que o mundo vai ficando pequeno. Agora, na maior parte do dia, sou eu e eu mesmo sentindo o devir passar. São conquistas diárias, que para muitos podem parecer ínfimas, mas só Deus sabe da angústia que é enfrentar alguns dias.
Ando observando as folhas, os pássaros, o som do vento. Tem momentos que detalhes minúsculos são um universo inteiro.
Ando a chorar e a sorrir. Tento não me deixar levar pelas lembranças boas e ruins, mas, confesso que às vezes é impossível não querer me apegar ao passado, aos momentos de grande felicidade ou trauma. O sossego que procuro encontro no meu ou em outro corpo? Essa sensação de incompletude não pode ser preenchida com qualquer aventura.
Cada segundo marcado pelo relógio é um golpe de foice na minha alma. Enquanto meu tempo passa, desmancho-me pelo ar. Enquanto meu tempo passa eu me jogo nos dias numa dança fúnebre com a morte. Eu vivo na mesma intensidade que eu morro. Meu suplício é incendiário. Meu sentir é grandioso. Meu penar é literário.
Eu sigo caminhando pela vida. Esperando por alguma companhia que não seja passageira. Que vontade que eu tenho de amar alguém que não queira ir embora, mas como se sou eu que sempre parto?