Tudo outra vez

"Não tenha medo de tentar", dizem-me, mas sou eu quem volta sozinho para casa no fim do dia. Seria ideal ter um sossego, um amor que me acalmasse o peito, porém, tudo é transitório, não é mesmo? E no fluxo contínuo os amores se vão.

"Não tenha medo de amar", eles me dizem, mas sou eu quem fica sozinho depois com aquela sensação de que me falta algo. Com aquela angústia dilacerante que evidencia o vazio.

"Não tenha medo de se entregar", sempre me dizem, mas sou eu quem pula de cabeça e é raso. Sou eu quem sou abandonado depois. Eu não quero ser um colecionador de dores, eu não preciso disso para mim. Ou será que preciso?

Eu não aguento mais escrever sobre tristezas. São seis anos orbitando os mesmos temas. Eu não quero mais me resumir a isso. Estou cansado de mim.

Eu sinto que preciso de um novo horizonte onde eu não me perca na primeira queda, no primeiro baque, no primeiro eu te amo que me entorpece os sentidos. Eu quero ser muito mais do que o ínfimo ser que criei em mim mesmo.