Ser Poeta
Ser poeta é arrancar segredos
Das conchas do mar nos tercetos
É tranformar mulheres em pérolas
E andarilhos viajantes em estrelas,
É ser todos os homens em um só.
Ser águia em pleno voo, bússola e nau,
Querubim da alma alheia e ser carnaval.
É morder a sorte que o mundo semeia
E semear a sorte que o mundo anseia.
É ser cáctus e ser lírios, ser pobre e rico
No colo potente de Drumond, Carlos...
Fazendo nascer crepon, amores, sonhos;
Desejos, stops, cidadezinha qualquer.
Ser é ter cumplicidades intrínsecas
Infinitas com as palavras; a namorá-las,
Seduzí-las, encantá-las, ser dela amante
Dominada por elas a cada Instante.
Seu perfume almíscar nas madrugadas.
Desperta-nos com metáforas e antíteses.
Somos beijados, amados, chamegados por elas,
Depois de tudo isso, saem por aí livres
Nas folhas frescas dos papéis virgens.