Coração, o canto da saudade.

 

Ah, saudade, hipérbole das distâncias,

Motivadora dos desânimos, 

Mãe dos vazios, das insuportáveis solidões… 

Mãe das mais ardentes e contundentes dores,

Jazigo dos sorrisos plenos… 

Inspiradora das mais tristes odes,

Trazes no teu cerne tanta melancolia! 

Turvas os olhos com vultosas lágrimas,

Enquanto o coração amolecido se apequena…

 

Às vezes, compõe-se uma canção, 

Noutras, foge-se do mundo.

Abatido, o olhar perde-se em buscas vãs…

O sol aquece um tão curto espaço de tempo… 

E a noite traz nos seus silêncios, 

Sons estrídulos de sonhos atordoantes,

Quase sempre indecifráveis…

E quanto mais a saudade definha o coração,

Mais vulneráveis as suas paredes…

Mais sucetíveis aos inevitáveis e súbitos prantos…

Sequelas de se viver lindos tempos idos…

E, no final, torná-los, gratuitamente, apenas rescaldos…

Tanto desperdício, envolto em tanta insensatez! 
Há saudades que faz somente do coração o recanto 

E há outras que, dali, vazam e invadem, ainda mais doridamente, a já empobrecida alma.