Quem sou?
Há dentro da alma profundos subterrâneos de escuridão completa.
Nas horas adultas da noite, quando o silêncio me pergunta quem sou,
empunho a lanterna fosforescente à procura de caminhos ocultos.
O vento canta sua canção mais triste e a tristeza acompanha minha busca, no sofrimento sem finalidade que me imponho.
É cruel caminhar dentro da alma, invadindo angústias escondidas, descobrindo covardes disfarces, dissecando gestos e intenções, ressuscitando lágrimas e cicatrizes.
Que se apague a lanterna,
O silêncio me basta,
Não quero saber quem sou.
18/10/1971