INOCÊNCIA DO SER
Pelas vicissitudes da vida, acabamos por
nos tornarmos não a essência do que poderíamos vir a ser, mas aquilo que os outros e as circunstâncias fazem com que sejamos.
De repente, surgimos no mundo sem sabermos o porquê e sem ter pedido. Aos poucos, surge o despertar da angústia de desejarmos a liberdade pessoal num mundo de encanto e paz, ao mesmo tempo em que avulta a consciência de que nascemos
para obedecermos regras e morrer.
Há um choque lancinante por sabermos que fazemos parte do domínio universal, infinito e belo, mas que somos mortais, na imensidão de um mundo imortal.
E assim passam-se os dias entre alegrias e tristezas, e da mesma forma repentina em que surgimos para a vida voltamos ao nada ou a outro plano existencial do qual nossos sentidos não são capazes de prognosticar.