Sistema em Pane

 

Por um momento encontro-me solitária,

Sinto que fui abandonada pelas palavras.

Não tem mais versos, ode, poesias, asas.

As ruas e suas árvores em copas me olham

Nao há nada, nem um grão de amor lá fora.

 

O vazio deletou toda programação agora,

Faltam instrumentos, peças sequências

A batida perdeu o controle rítmico do dia,

O sistema danificou as juntas, as crenças.

 

O dialeto freiou num telepático instante.

Houve um curto circuito que causou pane.

O mundo saiu da órbita, caducou o pensar,

As línguas se misturaram e no degustar

Contabilizam-se os séculos destruídos.

 

Mas tudo continua a existir em harmonia,

Os pássaros, os rios, as árvores, a lua, o mar.

O senhor tempo continua existindo no amar.

 

O despertador desperta a dor da desarmonia

Do homem fracionando o caos dos seus dias,

Em vez de saborear o que a vida tem de melhor.