SÁBADO SEM PLANOS
Sinto a brisa morna que bagunça as cortinas na janela, elas se abrem e fecham como se conversassem sobre como foi o dia. Olho para o pequeno aquário e os peixinhos dourados estão namorando, desvio o olhar para não atrapalhar a privacidade deles. Sinto-me observada e vejo o meu gato preparando o bote sobre uma mosquinha, que rondava as bananas sobre a bancada da copa. Ligo o som, a música na seleção aleatória, mexe com o meu corpo todo, improviso uma dança meio descojuntada, mas, me faz tão bem que arrisco um canto, com a minha desafinada voz...coitados dos ouvidos da minha vizinha rsss...fico com a garganta seca e com o calor que estava fazendo, um drink de morango, gengibre, hortelã, espumante e gelo picado caiu bem à beça, refrescou gostoso. Relaxo esparramada no sofá sem pensar em nada, só lagarteando mesmo. Deu vontade de olhar o celular, só tinha um monte de mensagens de bom dia de pessoas que nunca falam comigo, só copiam e colam...depois responderia...sem pressa. Abri o computador e nada de importante tinha por lá, olhei algumas notícias na TV...muita tristeza, corrupção, bandidagem, países lutando, tragédias aflitivas, pandemia...desanimei e desliguei. Resolvi fazer uma comidinha leve, a geladeira se abriu toda pra mim, em casa de solteira que habitualmente come na rua rsss....não tinham muitas opções, mas, saiu um salada verde com palmito e uma omelete de queijo com tomate...até salpiquei um pouquinho de orégano, ficou bom. Lavei a louça e guardei tudo, mas, meu estômago reclamou que faltava um docinho pra fechar a tampa rsss...dei uma olhada no armário e uma latinha de brigadeiro quase se atirou nos meus braços, não podia deixar de acolhê-la depois do esforço que ela fez para notá-la, eu não faria essa desfeita. Abri a latinha que quase sorriu pra mim e nem pensei em colocar num potinho, coloquei um filme na TV e fui direto nas colheradas, quando dei conta o filme ainda estava no meio e a latinha já descansada, suspirava vazia. Acabei de assistir o filme resolvi ligar para uma amiga, para saber se ela queria dar uma volta na praia, já tinha aberto a noitinha e o calçadão devia estar movimentado, ela topou. Combinamos de nos encontrar na portaria do prédio, já que éramos vizinhas. Assim combinado e feito curtimos a noite de Sábado com cervejinha na mão, jogando palavras no ar e dando uma paqueradinha de leve, só para testar a estratégia...afinal...nunca se sabe, no dia que a intenção fosse de arrumar um namorado, já estaríamos afiadas. Voltamos para o prédio rindo e um tanto calibradinhas pelas cervejas, nos despedimos e quando cheguei dentro de casa o gatinho fez uma festa danada, parecia que eu estava fora há muitos dias...ô carência...ô amor! Tomei um banho gostoso e me joguei na cama, com gato deitado no travesseiro ao lado, a madrugada chegou abruptamente e eu capotei de repente, só acordei com o gatinho me afofando pedindo ração.
* Imagem de receitasagora.com.br