Metamorfose

 

O que me faz buscar o desconhecido?

O que me faz desalinhar o traje?

Colocar-me pelo avesso? É aquela face,

Aquela face que em mim não vejo,

Mas sei que existe com tal disfarce

Que a coragem foge junto a ela.

 

Onde encontrar aquela força mágica

De disfarçar a palidez e seguir as ruas

E aquele riso frouxo que sintoniza o tom

que eu dava ao dia?

Perdeu-se nas grandes avenidas

Em meio aos comerciantes atordoados,

Perdeu-se nas complexas mutações,

Na travessia da calçada,

No trânsito infernal da segunda-feira.

 

Sou metamorfose presa no casulo

No meio do asfalto esperando o momento

Do voo para sobrevoar em mim,

Soltando a velha carcaça:

Das convenções hipotéticas,

Das delinqüências genéticas,

Das máquinas robóticas.