Desejo
Amanheci num pardo leito
Com os desejos amordaçados,
Com o corpo amarrotado
E uma vontade voraz adormecida.
Amanheci num desarrumado leito,
Que no silêncio mordaz habita
A minha alma repressiva,
O meu corpo submisso tenta excluir
os pensamentos insípidos.
Uma volúpia contida do que na memória
está incontido,
No silêncio domo uma fera combatida,
Busco viver o vivido, sentir o sentido
E pode ser num estado quântico.
Antes do ontem, antes de tudo,
depois do nada, do todo seu ,
Do todo meu, sem mordaça.
Da acidez dos gestos,
Da insensatez do outro, da gente,
De mim pra você do que vem da noite,
Existiu.
Do que está fora do véu,
Do que rasga o dia,
Do que rompe o instante.
Nesse instante eu não te quero meu.