Paraíso Fiscal
O Carvalho
O calvário
O ovário
Onde cabe o mundo.
Calvo árido de desejo
O orvalho ensopando
O galho
A noite
A pipa
A criança coroando n(o) mundo.
Dorme a criança
Dorme a pipa
Os passos na areia roxa,
O folclore da Carvalhada se agita.
Brinca a criança nos morros,
Nas serras, nos becos escuros da vida.
Calvo alvo pressentimento
Toma o cavalo pela rédea
E solta o vento.
Nos passos, repassos
No tesouro os achados
Na constelação o caminho
Do calvário,
Do carvalho
Dos dentes mastigando os espinhos.
Terra massapé,terra de ninguém ,
Terra de todos.
Erra o caminho encosto,
Raiou o dia nos olhos do povo
Que cava cava cata a lida.
Um sol frondoso levanta o dia,
Terra vermelha amassa o pão,
O prego,
A tábua,
A mão,
O martelo
Abre o útero na estrada de ferro.
O trem nos trilhos ficou pra o metrô
Porta sem trinco ficou pra o doutor.
Medo, medo, vendo o medo pra o senhor.
Dedilhando a viola faço Roma sem os bárbaros,
Amazônia sem devastação,
Menino sem pé no chão.
O que não falta é terra pra plantar,
O povo semente boa, frutiferar.
O petróleo no fundo do mar navega
É possivel no fundo do mar
No fundo da terra sentir
O coração palpitar, apitar, optar.
A Semente,
A mente
O ser vee(mente) conscientemente
Lateja pelas linhas da reconstrução
Do seu paraíso fiscal.