Casarão em Ruínas O casarão está em ruínas, Há um lodo em seu interior, Labirintos rasgam a esperança, O bosque cerrado impedem o amor. Há um silêncio estagnante, Um vazio em todos os vâos. Chove lá dentro fortes lembranças, As paredes são frágeis de tímida de emoção. O casarão está sem vida, sem luz. Essa ausência destruiu campos e vinhas. Todos saíram em silêncio se foram do casarão Numa noite pálida, chuvosa e enferrujada. Na sala uma pintura inacabada mostra-nos A realidade da insensatez dos desgarrados. Num rosto se busca concluir o inconcluível. Existe uma cor morta, pragmática sombra, Rabisco distorcidos, imagem de um porvir Que na arte se fez história a viver e sentir. Há traços existencialistas, expressionistas. O casarão antigo a muito está em ruínas, Há uma grande espera atrás das portas, A saudade bate palmas, corre solta Abre os dentes e sai lá fora. Pela janela passam vidas entre outras tantas, Mas ninguém se aproxima do casarão. Ele está em ruínas, sangra, se debate agora. Suas paredes envelhecem, gritam e choram. Outrora viçosa, salão de grandes festas... Agora desmorona e estremesce em suas bases Entre os uivos do vento e o choro incessante Dos vaga-lumes inocentes que iluminam a noite. As corujas desfolham as visões, As rãs embalam o sono. O som dos grilos a suavizar as horas Semeiam sonhos em grande estilo. A tristeza do casarão se despe em frente ao sol, Sangra e volta a sangrar diante da cidade Que espera um dia a volta de uma noite estrelar, Na esquina da rua, na fronteira do mundo. Observacao: esse casarão fica na Consolação em São Paulo. Existem outros tantos abandonados.