O Berço do Amanhã O berço quente balbucia e é manhã, O espaço vivo nas ruas escurece a calma. As ruas da vida são repúdio ao tédio. As mãos estremecem nas passadas das solas. São íngremes os asfaltos na dobrada do ato. As laranjeiras tocam as verdades. No céu da boca dopam-se certezas. As gazelas acasalam-se e reproduzem a fio. Os fantasmas na paredes assombram os visitantes. Repetidos arrepios invocam ermos do passado. O suor molha a terra e aduba sem herbicidas. O menino caminha em passos cautelosos; Mãos as palmas, pés espalmas. O sol bronzeia-lhe a alma e cozinha-lhe as vísceras. A hora do mingau no quadrado alumínio petrifica O suco gástrico. Um jato forte de tinta faz o céu escurecer. O homem menino reza uma prece ao seu guia Para abrir os caminhos. O espantalho abre os braços e contempla O horizonte. A enxada que descansava entra pela madrugada A atormentar os sonhos.