Blecaute

 

Traçado nas mãos,

Face tenra,

Suor, burbulho,

Voz rouca, fosca

Cerveja na mesa.

 

Canção no ar.

Pés pergaminho.

Atalho daninho,

Encontro de tudo,

Encontro do nada,

A vida a buscar.

 

Na mesa posta, aposta

Na paz e por um momento

A guerra silencia.

As mãos cheias de caminhos

A vontade recria do faça-se luz.

 

Há mãos que trabalham e outras que oram ,

Outras maltratam, acariciam, mendigam.

Levadas ao corpo de quem se ama

Falam, cantam, calam.

Faz luz, faz blecaute.

 

No espremer do bagaço,

No entrelaçar das mãos,

O bem,

O mal,

O amor,

O ódio,

Fecham o sinal nos escombros da língua.