Catatônica
Na penumbra do quarto em meio a guardados
Abstratos e concretos a cercar-me de fato,
Encontro tempo pra sonhar com cajados,
Acho tempo pra orar , pra ler e regado
A um bom vinho do Porto e iguarias , castro
A obscura tez dos insensatos , a escaldante
E trepida morbidez dos covardes, diante
Da avidez amarga da vida catatônica.
Uns circulam céus pelos vãos dos dedos,
Outros chamam de luz o que é inferno.
Mais e mais devoram a ceiva viva da vida,
Gritam e vomitam feitos a acordar a avenida.