A última prosa de Tarcísio

Numa época em que tudo é feito para menos e, raramente para mais, ver, ouvir, refletir e analisar a complexidade das obras compostas por àquelas que primam pelo que fazem, inspira até a rolinha, os pombos e os pardais - pássaros que costumam limitar suas escolhas - a construirem ninhos mais confortáveis para abrigar a prole.

Quem tem zeloso apreço,

Ao fazer, formar, adubar, regar, plantar até colher,

Exclui o imediatismo da pressa,

E no lugar,

Incluí a paciência na feitura da peça.

Sofro demais, tenho que trabalhar pesado,

Cerro os cenhos,

por não ser familiar, ou amigo do Senhor do Engenho.

Diálogo à dialética,

Conto números,

Perdulário no amor,

Numerosos contos,

Contabilidade Poética.

Um mais um, dois é a soma,

Operação simples, pois a serenidade essencial e o equilíbrio interior, nada mais é que ausência de perturbação exterior.

Coração suspira,

Alma em coma.

Quem projetou e implantou a vida na Terra, operou com esmero; e entregou-a ao curioso, autodestrutivo e impaciente, homem. Aí...; ao fazer o balancete da vida, subtraindo as saídas das entradas, sempre sobram restos indesejados. Qual o motivo para isso?

Foi-se o Tarcísio,

Com eira ou sem beira,

Pelo mesmo caminho,

Irá a Meire;

Pois as boas e seletas maçãs não existem mais,

Restando apenas,

Catada em fim de feira,

A indecorosa pera.

Atendendo o pedido,

A piada de péssima mensagem,

É desejar "descanse em paz ...",

Alguém que está por um fio,

Último suspiro.

E no roncar da muleta em sovaco de aleijado,

Quem ficar,

Seguirá encenando a peça:

"Sob trancos e estrondosos solavancos",

Tatuagem riscada no peito,

À ponta de faca.

Resiste mais,

Os pássaros que trocam as penas,

Ventania em redemoinhos,

Cascudas árvores que se reinventam.

Negam-a,

Mas, ainda que novelando os dedos polegares um ao redor do outro,

inutilmente,

Estirado na cama,

Prisioneiro do Éter na mente,

ninguém quer ficar;

E para quem se mantém em pé com a muleta debaixo do sovaco,

Guerra é...,

Guerra é ...

Guerra é Vida.

Ga,gaaa, ga

Gague, gague,

Gue,

Gaguejo para escrever,

Que a Vida,

Pela morte,

Será vencida!

Por aceitar flores, dentes de ouro, reis sem coroas,

Os cemitérios são fortes aliados da beleza!

Azedou...

Cuidado Canarinhos, os barbudões voltaram ao Poder no Afeganistão. Eles gostam de aparar as asas de quem voa.

Aqui pra nós, Passarinhos de asas aparadas não saem do chão; e acabam comendo junto com as galinhas, patos e marrecos.

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 15/08/2021
Reeditado em 22/08/2021
Código do texto: T7321177
Classificação de conteúdo: seguro