Longos voos, brevíssimos pousos…

E entreolharam-se como apenas um par de pássaros fixo num galho, bem alto…
E sublimaram-se num há muito desejado pouso…
E harmonizaram com suas fluídicas presenças, o agora mavioso e oscilante-eleito-leito-estreito...
E entrelaçaram-se quase acrobaticamente a ponto de voarem penas… 
E mantiveram-se harmônicos e equilibrados, mesmo ante tanta ânsia e desejos…
E quase engasgados pela emoção do reencontro, ofegantes, gorjeavam, na cadência do coração, silentemente…
E explodiam em cantos de afinadíssimo dueto e raríssima perfeição, os até então reprimidos prazeres…
E ali, os tantos voos de desejos represados, vazam, e inundam-se de uma inefável paz… 
E trocaram ósculos profundos que não trocavam desde a última revoada…
E escandalizaram os outros bichos e a mata, ante tanta volúpia nos recíprocos afagos…
E por frações de instantes voam ao infinito e regressam extasiados!
E quais pássaros de realejo, bicam suas sortes, já descritas juntos…

E depois de tudo, novamente entreolharam-se como a se perguntarem o porquê das desnaturais separações…
E pelos infinitos números de galhos de seus destinos, fazem seus ninhos…e de longe ouvem-se seus melodiosos trinados, que hoje, alegram ao ecoarem nos tão breves verões... 
Verões que se eternizam nos seus ínterins, enquanto tingidos de vívidas matizes da alegria são cingidos, como os retalhos que resultam nas policromas colchas da felicidade…
E assim, os pousos se fazem eternos, pois encantados livram-se dos físicos e psicológicos visgos, e nestes quiméricos momentos, são os inflados corações de beijos que se abraçam e avoam…