Ponto de Apoio
"A filosofia deve ser a pedagogia do gênero humano" - Sêneca
Cadeira é objeto que todos, ou a maioria das pessoas possuem. Sem maiores objeções ao imposto, sem reclamar do volume e da quantidade de massa adiposa que surram-lhe as quatro pernas, a peça recebe de bom grado a bunda de seu dono. Como não bastasse, a dedicação ao trabalho diário é tamanho, que com o tempo, ajusta-se ao formato da bunda.
Deve-se louva-la, sempre; pois segura, firme e resistente sobre os quatro pés, garante a estabilidade dos corpos na confraternização. Certas bundas, chegam dançar sobre suas duas pernas; porém, costumeiramente, as cadeiras são fiéis e fazem o impossível para não expor a sua algoz ao ridículo, em público.
Assim sendo, cadeira é uma amiga e tanto; e merece um olhar mais apurado para elas; principalmente àquelas que assentam, confortavelmente, sobre suas quatro pernas, as duas bandas de sua bunda. E ainda que elas estejam suadas, molhadas, fedidas, nunca as recusam.
Em tempos indiferentes pelo dar de ombros, expressão trocada em miúdos é o famoso "tanto faz, com fez", quanta obediência e presteza desse objeto invisível; peça admirada e após servir as duas bandas, desprezada.
"Democracia, é Eu fazer o que você quer. Você fazer o que Eu quero, é tirania". Millôr Fernandes
P.S.: atento às coisas ao meu redor,
As vejo com olhos ternos,
Crença e fé,
Na hora do almoço e do jantar;
À tarde,
Ropouso vespertino regado com chá,
pães integrais,
Manteiga pura,
Ou nas manhãs frias,
Quentes ensolaradas,
O despertar pede café,
Uma cadeira para a bunda apoiar,
E cansaço do corpo,
Descarregar.