"Numa vitrine qualquer"
Me corrói a alma saber que nem toda a voz tem a devida força que se enxergava "nela"; me dói as têmporas ver tamanha beleza jogada às traças "numa vitrine qualquer", por pura "troca de favores"; me arranca os olhos ver que o preço tem mais apreço do que puramente valor, nos dias de hoje; e que ambos, brigam sem lei, desgraçadamente, por um espaço encrostado, que nem aos olhos alimenta, o que dirá a alma?
Há saltérios entregando suas próprias carnes aos cães; desmiliguindo sua fonte à secar dia após dia. E rasgando vestes, suas correntes seguem marcando o chão com barulhos ensurdecedores...
E o que mais me entristece, é saber que isso sequer lhes satisfaz o ego, apenas é preciso "devolver a paga", em nome do "obrigado", sem subjulgar sua efemeridade.
Até quando teremos sonhos, talentos e dons jogados na lama, em nome da auto (in)gratidão?
Até quando aqueles pés pisarão descalços nos calçamentos escaldantes de sol, a ponto de largar pele, e mesmo assim, permanecerem frios, por falta de bom senso e excesso de autopiedade?
E a pergunta que não quer calar... acaso os farelos separados aos porcos, um dia servirão também para seus donos?
Ouça o que teu coração diz... ele tem gritado incansavelmente: "Não se venda, tire a venda!"
... Ainda há tempo!