Velha viagem: bicicleta e Rock'nRoll
Cicloviagem I
A liberdade pacífica de espírito, é líquido denso que flui sob a força muscular de duas pernas, movendo os pedais.
E a origem, é de onde sair; e o destino, é onde a força física e o equilíbrio mental, decidirem descansar, porque parar, além de oxidar, atrofia-as.
Trocando em miúdos: o ilimitado é o limite; sobretudo, o infinito é viagem sem fim.
Próxima parada, Ilha Bela; cuja beleza, começa pelo nome.
Rock'nroll
Terminei de almoçar. Coloquei as caixas de som na janela. Arrastei a cadeira para debaixo dela.
Nuvens corrediças no no céu. Pouco importava-me saber aonde elas queriam chegar. Boa viagem dona Nuvem, para aonde irdes, faça chover. Por aqui, tarde está com cara de rock.
Foi o que fiz: chamei uma banda qualquer e botei pra fritar sob a agulha, um bolachão do bom e embolorado rock nas caixas. Detesto a escória.
Três pombas trocal vieram especular o que rolava. Talvez trocarão o arrulho pelo estilo.
E não demorou, apareceu um tucano,
Tirava onda com seu bico longo amarelado. Balançava o pescoço, tipo pêndulo para ouvir.
Inconformado, queria mais. Detectei que queria som de gaita.
Chamei Flávio Guimarães para dar uma canja para o majestoso animal. Não contente, pousou no portão; e foi logo cantando: "sobrou comida"?
Respondi que não e o máximo que podia fazer, havia feito. Rosnou qualquer coisa, que decifrei: "vou repetir o prato: coquinho". E pra voou. Folgazão, jogava a bolinha de coquinho pra cima e aparava no bico; feito verdadeiro aparador malabarista. Sensacional; impossível não aplaudir.
O vento sacolejava as folhagens dos coqueiros, num bailado infindo. Um bando periquitos verdes também aproximou. Certamente vieram por causa do que Villa Lobos disse: "os pássaros se comunicam pela música"; fato comprovado por mim, inúmeras vezes.
Curucacas voavam alto. Apostando corrida com as nuvens, sumiram no ocaso.
Com a mente leve, a espinha ereta e coração pulsando serenidade, berrei: " flutuando no sossego, como é formidável confabular com a simplicidade"!
E com o som troando nas caixas, seguimos ouvindo as notas do rock blues, tarde adentro.
Sai pra lá Covid-19,
Xô Anita e poluidores do ar;
Meus pulmões curtem mesmo é oxigênio puro!
Mesmo porque, se não és capaz de apresentar-me o razoável, o que entendes como menos ruim, Eu dispenso. Exijo por direito intelectual e conhecimento cultural, o excelente, sempre!