Síndrome de Hálux
(Samuel da Mata)
A pancada foi grande, doia muito e sangrava bastante. Estanquei a hemorragia, desinfetei a ferida e esperei por melhoras. Todavia, esta não aconteceu, a unha pulsou , amarelou , adormeceu e por fim, inerte se desprendeu do corpo.
Já não era a primeira vez que eu passava por isto, afinal, tropeçar faz parte da rotina de todo caminhante, mas sempre alimentei a ilusão que desta vez poderia ser diferente.
Pobre dedão, baluarte do fronte é o pendão da infantaria, mas quantas vezes já teve o seu capacete perfurado?
A vida sentimental também é assim, depois de uma pancada certeira o amor amarela, adormece, murcha e morre. Você pode ate tentar ignorar o fato, mas a ilusão sucumbe na apatia que segue ao cicatrizar da ferida.