Síndrome de Hálux
(Samuel da Mata)

A pancada foi grande,  doia muito e sangrava bastante.  Estanquei a hemorragia, desinfetei a ferida e esperei por melhoras. Todavia,  esta não aconteceu,  a unha pulsou , amarelou , adormeceu e por fim, inerte se  desprendeu do corpo.

Já não era a primeira vez que eu passava por isto, afinal, tropeçar faz parte da rotina de todo caminhante, mas sempre  alimentei a ilusão que desta vez poderia ser diferente.

Pobre dedão, baluarte do fronte é o pendão da infantaria, mas quantas vezes já teve o seu capacete perfurado?

A vida sentimental também é assim, depois de uma pancada certeira o amor amarela, adormece, murcha e morre.  Você pode ate tentar ignorar o fato, mas a ilusão sucumbe na apatia que segue ao cicatrizar da ferida.

 
Samuel da Mata
Enviado por Samuel da Mata em 05/06/2021
Reeditado em 09/06/2021
Código do texto: T7272281
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