Sobrevivi

Sobrevivi

Deixa-me te amar! Serás a mulher mais amada do mundo.

Não te prometo casas nem jóias nem viagens.

No lugar das esmeraldas te dou carinho até que não te sintas mais carente (até que sintas nojo de mim).

No lugar de ouro e prata te darei meu tempo e minha atenção para que teus sentimentos não sufoquem o teu peito e morras lentamente por não dares vazão às tuas emoções.

Sobrevivi à queda dos meus muros (de proteção e de abrigo), e das minhas teorias sobre a felicidade.

Busquei como um louco por um amor-talvez-eterno.

Amor do tipo piegas, ridiculamente romântico, sem falsas defesas, sem desculpas, sem pudor, sem cobranças.

Um amor livre de correntes, de ciúmes doentios, de obrigações curriculares.

Amor sem conta no banco, sem dívidas a vencer, sem poses nem posses e sem abandono.

Amor do tipo menino que se encanta pela simplicidade. Amor do tipo menina que se encanta pela meiguice.

Amor do tipo hoje, sem amanhãs a nos atormentar (e por isso talvez eterno). Amor que suporta a dor porque não se esconde dela.

Amor que suportar as frustrações da vida porque sabe que não pode fugir delas.

Amor do tipo banal: que comemora estar vivo; que se alimenta de abraços e carinhos e uma palavra qualquer; que sabe falar de trivialidades; que sabe sorrir e rir e gargalhar e falar bem alto para que todos possam escutar; que sabe sussurrar e falar ao pé do ouvido para ninguém escutar; que sobrevive às desgraças de quem está lutando para viver; que deixa o príncipe e a princesa encantada para os contos de fadas; amor que se torna novo a cada dia sem ninguém perceber. Amor que de tão discreto engana a morte!