LEMBRANÇAS DA LIDA
LEMBRANÇAS DA LIDA
Estive ao volante por mais que um ano,
Dentro da cabine que viu um luar,
Vivia na farda e até procurando,
Encrenca que tinha em todo lugar,
Mas sempre havia meu dia à paisano,
E minha alegria era recordar,
Pois teve acidente na curva do engano,
Nas serras ou retas de cada andar,
Que fez do socorro de um americano,
Não ter diferenças no meu vigiar.
...
Enquanto eu estava no meu descanso,
Muito eu tinha para ainda ensinar,
Pois ser professor do aluno que alcanço,
Mesmo sem farinha ou beiju no jantar,
É sempre o destino além do remanso,
Que o Chico verdeja com a água que há,
E ver o nordeste sem ter algum ranço,
Precisam que o sul deixe de reclamar,
Olhando o passado e fazendo o balanço,
Do erro que enseja a tudo tolerar.
...
Mas nunca esqueço do cara manso,
Que tive ao lado do meu avatar,
Que desconheço ter visto num ganso,
Pois na caatinga não sei nem nadar,
Durante a sêca que torra meu pranto,
E dispensa o Sol pra me enxugar,
Pois aquele vento não é minuano,
Mas gela nas noites sem ter um luar,
Até quando os carros se chocam voando,
E volto aos lugares de chão tumular.
...
Só minha memória me deixa insano,
De muitas tragédias diante do olhar,
Como ver a água fugindo do cano,
Pois gente roubando é dor de matar,
E só encontrar tudo carbonizando,
Em cada colisão com rastilho no ar,
Me lembra o diesel do tanque jorrando,
Rasgado que foi pelo carro arrastar,
Em todo aclive ou encosta ralando,
Mesmo no abismo que vai me levar.
...
Lembranças assim me acham chorando,
Porque sempre quis foi poder ajudar,
Todos que eu via ser linha sem pano,
Desnudo de um guia pra se encontrar,
E tinha o dever de ser mais humano,
Do que me diziam ser lei de guiar,
E assim minhas aulas fui ministrando,
De noite e de dia e a quem precisar,
Para que certo dia, no fim de meus anos,
Esquecesse a lida e fosse descansar.
LEMBRANÇAS DA LIDA
Estive ao volante por mais que um ano,
Dentro da cabine que viu um luar,
Vivia na farda e até procurando,
Encrenca que tinha em todo lugar,
Mas sempre havia meu dia à paisano,
E minha alegria era recordar,
Pois teve acidente na curva do engano,
Nas serras ou retas de cada andar,
Que fez do socorro de um americano,
Não ter diferenças no meu vigiar.
...
Enquanto eu estava no meu descanso,
Muito eu tinha para ainda ensinar,
Pois ser professor do aluno que alcanço,
Mesmo sem farinha ou beiju no jantar,
É sempre o destino além do remanso,
Que o Chico verdeja com a água que há,
E ver o nordeste sem ter algum ranço,
Precisam que o sul deixe de reclamar,
Olhando o passado e fazendo o balanço,
Do erro que enseja a tudo tolerar.
...
Mas nunca esqueço do cara manso,
Que tive ao lado do meu avatar,
Que desconheço ter visto num ganso,
Pois na caatinga não sei nem nadar,
Durante a sêca que torra meu pranto,
E dispensa o Sol pra me enxugar,
Pois aquele vento não é minuano,
Mas gela nas noites sem ter um luar,
Até quando os carros se chocam voando,
E volto aos lugares de chão tumular.
...
Só minha memória me deixa insano,
De muitas tragédias diante do olhar,
Como ver a água fugindo do cano,
Pois gente roubando é dor de matar,
E só encontrar tudo carbonizando,
Em cada colisão com rastilho no ar,
Me lembra o diesel do tanque jorrando,
Rasgado que foi pelo carro arrastar,
Em todo aclive ou encosta ralando,
Mesmo no abismo que vai me levar.
...
Lembranças assim me acham chorando,
Porque sempre quis foi poder ajudar,
Todos que eu via ser linha sem pano,
Desnudo de um guia pra se encontrar,
E tinha o dever de ser mais humano,
Do que me diziam ser lei de guiar,
E assim minhas aulas fui ministrando,
De noite e de dia e a quem precisar,
Para que certo dia, no fim de meus anos,
Esquecesse a lida e fosse descansar.