Sobre o amor fraterno por ti

Sobre o amor fraterno por ti

AFEIÇÃO POR UM IRMÃO, PHILADELPHIA

“Se um dia você for embora, não pense em mim, que eu não te quero meu, eu te quero seu.” (Danilo Caymmi e Ana Terra)

O AMOR QUE NASCE DA CARNE, QUE CORRE NAS VEIAS, A AFEIÇÃO QUE NASCE JUNTO COM O NOSSO CORAÇÃO, A AFEIÇÃO QUE NÃO MORRE NUNCA.

PARADOXO

Não fujo de ti...

Fujo dos teus olhos radiantes, do teu coração desvalido...

FUJO DA TUA PELE – teus poros respiram um ar que se entranha pelo meu corpo, faz sofrer meu coração.

Fujo dos teus cabelos, do raio de sol, do calor que eles transmitem.

Fujo da tua amizade, que aos poucos me consumiria, revelaria o que meus olhos já não podem conter, tornaria transparente essa partícula de semente que teu olhar depositou no meu.

Não, eu nunca fugiria de ti – correria o risco de me encontrar com a tristeza, ou poderia cair nas garras da saudade, e, então, se tornaria muito mais difícil fugir de ti.

Não, eu não cometeria essa insensatez de fugir de ti.

Eu simplesmente fujo de mim.

Fugir do amanhã, do ser, do viver, do estar presente.

Fugir, não pelo medo, mas por ter coragem, por ter a vontade de alcançar, de sobrepujar, o desconhecido.

Fugir pelas entranhas da pele, da suavidade de sentir o amanhecer, por encontrar nele a possibilidade de respirar por mais um dia. Se eu fugisse do sol, renunciaria a luz.

Se eu abandonasse o amor, sacrificaria a eternidade.

Se eu me escondesse do ser humano, seria suicídio.

Se me evadisse a própria substância de me sentir amado, então me acolheria o nada.

Eu simplesmente fujo de mim.

Eu não fujo...

Eu me escondo, para adquirir força, para refletir sobre o viver, sobre o imenso e inesquecível segundo contido no ato de amar – amar o sonho que resplandece; amar a vida que é promessa, que é esperança; amar alguém, de quem eu fujo, e que me mostra que assim como estou fugindo, esta direção a faz chegar-se mais perto de mim.

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