QUEM CASA QUER CASA
(Samuel da Mata)
A casa sempre foi símbolo de lar, de companhia eterna e de felicidade. Mas a casa é de fato uma mistura de arte e robustez, sem estas bases o lar não sobrevive. Se a estética for ruim fica difícil viver na casa, mas se a estrutura for de pinos, será fácil moldá-la, mas só durará uma ou duas estações. Assim, a casa tem que ser robusta, arejada e linda.
Nubentes são como casas, a paixão de cada um e seus encantos darão as cores ao relacionamento: flores, cortinas, quadros, etc. Todavia, quem sustenta a casa á a sua estrutura. se for de jacarandá, ipê ou outra madeira de lei, durará uma centena de anos. Se esta for de aroeira passará por dezenas de gerações. O problema está na estética, a aroeira não se deixa moldar, é áspera e rude por natureza. Além disso, madeiras de lei são raríssimas.
Um relacionamento livre é como uma casa ventilada, o vento entra e sai pelas janelas, mas com o ele entra também a poeira e a umidade. O reboco suja e os móveis mofam. Se a estrutura é boa, troca-se os adornos, reforma-se a casa e um novo brilho surge no relacionamento, em novas cores, jardins e sonhos. Mas, quando a estrutura é frágil, não haverá reforma, certamente o cupim já comeu as vigas e a casa está condenada.
A estética é reboco e tinta, mas o caráter é a estrutura. Quando os adornos da paixão acabam a estrutura pode manter a casa de pé, em amor, carinho e fé. Todavia, quando o caráter é degenerado, nenhuma reformulação manterá o lar, por mais que tentem.
Nos finais de relacionamentos as estruturas ficam expostas, aí você verá quem era podre, mentiroso, desleal e vil, mas passou a vida oculta sob uma paixão de interesses. Mas também é lá que se reconhece a qualidade da madeira de lei, e, esta será adquirida com carinho para a edificação de um novo sonho alhures.