Do amor cheio de cicatrizes
AMOR RUDE
“Uma menina me ensinou, quase tudo que eu sei, era quase escravidão, ela me tratava como um rei.”
(Renato Russo, Bonfá, Dado, Ouro-Preto)
AMOR CHEIO DE MEDOS, AMOR COM DEFESAS, ACUADO, AMOR SEM CARINHO, SEM GENTILEZA.
EU Estou cansado desse amor que não é amor.
Há quanto tempo que o espelho não me mostra a pessoa que eu queria ver?
HÁ QUANTO TEMPO EU NÃO SOU EU?
Há quanto tempo que meu ser me consome sem me dar paz, a procura de algo que eu não sei o que é?
Há quanto tempo que eu uso as palavras como máscaras para me esconder de mim mesmo?
Em algum lugar do caminho eu me perdi de mim.
Me vejo a usar os passos que restam para encontrar as verdades que eu despejei enquanto caminhava.
Em algum lugar de mim estou eu.
É proibido viver o que eu vivi (se alguém ousar viver o que eu tentei viver, por certo enlouquecerá).
Eu me escondo atrás dos meus pensamentos, da minha erudição superficial, do meu conhecimento.
Meus amigos quando falam de mim parecem falar de outra pessoa.
Os meus sonhos para alguns se tornaram uma incômoda doença.
Minhas palavras foram desconsideradas.
Eu me vi caminhando sem caminhar, chorando sem chorar, amando sem amar. Todos querem me conhecer muito mais do que eu me conheço: Todos querem ter soluções para os meus problemas, bem mais fáceis do que as minhas.
Pergunto-me: Como podem me conhecer se não conhecem a si mesmos?
Como podem resolver as minhas dificuldades se não sabem resolver as suas? Há quanto tempo que eu uso as palavras como máscaras para me esconder de mim mesmo?
Sem querer eu rio – o riso é a minha terapia.
Sem querer eu me sinto feliz – a felicidade é a minha obsessão.
Sem querer eu vivo intensamente – viver é a minha maneira saudável de ser louco.
Sem querer enlouqueço – apaixono-me novamente pela mulher já tão exaustivamente amada.