Mulher Nordestina
Com um lenço sujo na cabeça a proteger do sol e mãos ásperas a segurar o balaio pesado, lá ía ela, magra e fraca, em direção ao rio, lavar a roupa suja. Levava consigo lembranças doloridas de sua infância de fome e as marcas pelo corpo mostravam o temperamento violento do marido. Apesar da vontade inocente, não podia fugir, pois os filhos, dez bocas choronas e famintas, também vítimas da violência paterna, contavam com o seu ninar...
Meteu os pés na água fria, refrescante. Sabão de côco passeando pela roupa, limpando e alvejando. Uma lágrima veio brincar em seu rosto queimado do sol da roça. Lágrima que corria como rio por sobre a terra sêca do sertão. Porém, aquela lágrima não era cheia, nem era alívio, era só dor e lamento.
Sonhos, já não tinha, quiçá esperança! Pra ela, esperança era ver os primeiros raios de sol anunciarem a chegada de mais um dia de labuta, de suor e de lágrimas. Contentava-se em ser uma mulher entregue a seu sofrido destino. Ela era apenas uma mulher, apenas uma mãe... Uma nordestina!