INTEGRIDADE
( Samuel da Mata )
Diz um ditado mineiro, "O tempo é quem cura o queijo ".
Quando a gente se descobre, lá na adolescência, as fúteis comparações nos inquietam a alma. Não aceitamos o cabelo, a altura, a cor e nenhum dos traços físicos. O ideal físico se baseia em pseudo-personagens ou nas estrelas do cinema.
Passada a adolescência, regra geral, passamos a aceitar quem somos e não mais nos mirarmos em pontos fora da curva normal da vida. Já não queremos mais ser ninguém, senão a nós mesmos.
O cozer da maturidade é que nos ensina a auto-aceitação, a tolerância e a gratidão. É preciso conhecer o vazio de Marte para dar o verdadeiro valor à Terra.
Depois dos quarenta já somos integrais. Já não queremos tirar nem por mais nada em nós. Aprendemos a amar a calvice, as marcas dos partos e até mesmo as rugas.
Um dia, lá na quarta idade, quando a degeneração impõe a retirada de qualquer das partes, ouvimos um triste, mas sincero, lamento: " por favor, me levem todo, mas não me arranquem os pedaços".
Do ponto de vista mental também somos assim, acaba-se o prazer da vida quando perdemos aqueles a quem aprendemos a amar.