BARDO DO HARZ: A questão do Sofrimento

A QUESTÃO DO SOFRIMENTO, inevitavelmente baterá a porta e independente da ocasião surgirá madrugada adentro. Irá se sentar à mesa para tomar um café, e talvez ao sofá, para tomar uma xícara de chá; mas não terá o receio da modéstia e tampouco haverá de conter-se ao panegírico de seus feitos honrosos e seculares. O prenúncio de sua tão gloriosa e temida presença se dará, portanto, através da angústia, do desespero, do desalento e da auspiciosidade que prematuramente esvanecerá. Sorrirá com gentileza apesar dos pesares, e mesmo que te tome em abraços calorosos e massivos, certificar-se-á de que o retenhas tão bem quanto ele o retém.

Tão logo ao te enlaçar no trinado de seu esplendor e em anedotas bradar seu canto lírico; até que se perca em ti por completo e ao âmago arvoreça, polifônico e singular, trará e levará tristezas e alegrias. Tal como o outono do leva e traz, é visita passageira. Quando partir deixará opaco aquilo que outrora tremeluzia como metal brilhante. E se lhe aprouver a companhia, aprenderá a amá-lo como tantos outro grandiosos (de alma e espírito) aprenderam no decorrer do tempo. Sem ressentimento ou mágoa, o acolherá e convidará para se aprochegar. E ao fazê-lo, ouvirá dizê-lo cortês em toda sua varonil gentileza: “Por hora me vou e não tardo a retornar.”

BARDUS
Enviado por BARDUS em 20/11/2020
Código do texto: T7116743
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