Poesia sem Metáforas
Poeta não é quem escreve poesia,
Mas, os olhos de quem consegue absorver o brilho da lua dormindo sereno sobre a superfície do lago;
Também, os dedos sensíveis que tocam a suavidade de uma flor despetalando;
Como também são os pés que roçam a relva orvalhada pela madrugada, ao raiar do dia;
Os ouvidos do poeta desligam-se dos ruídos, para sintonar-se nos sinos que dobram anunciando a hora do ângelus.
Ainda que o poeta não seja todo metáforas e tenha lá suas ranzizices, poeta é quem ainda se emociona, condena a intolerância, liberam lágrimas que imploram por acalento diante de uma cena rude e frívola; sobretudo, porque a poesia impele o poeta ao humanismo empático singelo.
Não obstante, a simplicidade contida nos desprezíveis detalhes inspira o poeta, tal qual ao parar de sugar o seio, o recém-nascido abre um sorriso espontâneo de canto a canto da porta sem dentes, em agradecimento e gratidão pelo alimento natural dado pela mãe.
A poesia não exige do poeta metáforas.