A VISITA DO VENTO

A VISITA DO VENTO

Um certo dia o vento foi visitar a floresta, e lhe disse:

- Eu corro com o giro do mundo, mas só me sinto útil quando te encontro.

Aí a floresta, sentindo a vontade do frescor, disse também:

​​​- Somente te peço que não venhas como um furacão, mas traga as chuvas e a umidade. Me faça ser lago do seu coração.

Então foi que o vento assim entendeu, que útil é aquele que nutre e ampara, sendo bálsamo para as escadas que tanto judiam.

- Então, aproveite meu dom mensageiro, pois além das águas eu sopro o pólen que fertiliza seus cálices e faz renovar.

E a mata aquiesceu:

- Muito obrigado, meu santo amigo, pois via o perigo a só me rondar, quando as formigas e os cupins sozinhos estavam a trabalhar. E com suas águas, já chegam os tatus e os tamanduás para me ajudar no combate que faz perdurar a vida das árvores, arbustos e gramas, mantendo a trama de Deus a reinar.

No fim foi a dança e não o cochilo, que fez estribilhos do vento a soprar, escorrendo as seivas e os nutrientes, nos ecos da música que foi farfalhar, por todos os galhos, ramos e folhagem, com toda coragem que adoça um lar.

E somente agora, na roda que gira, a cobra se estira para o couro trocar, e continuar a vida tão bela, que faz a capela na tez da floresta, que dorme magesta na luz do luar, junto com o acalanto de todas corujas ou lobos que uivam, louvando as estrelas a nos desejar o embalo da rede que a via de leite, nos dá por deleite no seu gravitar.