nenhuma urgência

Pela cidade, certo de te encontrar, não encontrei. Ao contrário. Ao certo, me contrariei. É furto o tempo, curto. Saí. Como é que não faz? Se tudo, quase tudo, leva a nos conectar. Um sorriso, um bem-te-vi. Um sinal pra atravessar. Canções que vem em vão. Outdoor. Está logo ali, na rua, do outro lado, lembra. Um aviso pode ser mandado pelo outdoor. Sincera alegria, coisa boa se pudesse trombar contigo, logo falaria.

E vou. Sigo no concreto. Crê, é bonito isso: "de ser abstrato, baby". Imagina só, lentes ampliando sentidos. Asfalto, farol. Tua, a voz, o som, muito barulho. Máscara, tiro, sirene, sol, outono. Tempo justo de repor espaços, cada metro, quilometragens, "abstrato, baby" e imagens adversas. Digo de novo a você: te encontrar não contraria em nada. Calmaria, sintonia absurda, quem sabe. Olhei o jornal e li. Li de nova forma.

Novo olhar.

Você vem e vive me pedindo algo sem verso, sem poesia e mais pé no chão. O que eu te escrevo é assim meio incompreensível, meio jogado. Mas logo, logo eu vou, nós vamos sair por aí, eu e você, linda. Como diz o cantor "é uma ideia que existe na cabeça" e, mesmo com pretensão de acontecer não tem mesmo nenhuma urgência de convencer. Sem contrariar.  

31demaiode2020

Cleyton Borges (Crônicas no Rascunho)
Enviado por Cleyton Borges (Crônicas no Rascunho) em 06/10/2020
Reeditado em 06/10/2020
Código do texto: T7081432
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