MINHA ALMA NÃO É MINHA
Somente a crença em um poder Divino,
Minora as penas de te haver perdido.
Sinto que não mais resides em mim,
Quando nas profundezas te procuro,
Ouço sons confusos e inexplicáveis
Outras vezes, ouço um rugir de fera.
Em outras, é o pássaro que sinto bater asas dentro de mim.
Mas tudo isso, é só essência,
É só espírito.
A alma, já não habita em mim...
Nem mesmo na casca oca de meus escuros.
Não sei por onde saiu, e nem por qual capricho escapuliu.
Nunca foi minha prisioneira...
Sempre entendi que é melhor a liberdade.
Suponho, que não é fácil habitar em em um mundo onde congregam úlceras de séculos, hemorragias, neuroses, decadências e máculas.
Também sei que eu, este seu invólucro carnal, em nada mudei.
Continuo um mundo imundo
De ser infecundo
De auroras carbonizadas
De oficinas apocalípticas
De madrugadas alucinadas.
Por isso, queria lhe perguntar:
- Esse meu mundo, é para você o que é para mim?
Caso seja, deixo-lhe ir.
Dispenso suas visitas ocasionais.
Não desejo risos fluindo da vã vontade de ser feliz.
Vá! Vá invadir outro ser vivente com seu cantar cadente de doces pássaros.
Com seus sonhos e crenças de amor e ternura eterna.
Você apenas habitou meu corpo... Nada mais!
Você apenas ouviu gemidos que não eram êxtase.
E sim, de dor derramada lentamente...gota a gota em travesseiros que não eram de nuvens.
Quero de ti, somente a disposição de sublimar comigo um pacto de respeito mútuo.
Deixe-me, como herança, a minha poesia silenciosa, e que eu possa sentir sempre em minha carne de poeta, a dor de um irmão.
(Desalmado e kami-kase no próprio abismo)
Tácito