Ao Tomar Café!
Lá fora,
os guinchos do bem-te-vi,
A melodia gorjeada pelos sábias,
O canto vigoroso do galo Índio,
O arrulho sonoro das saracuras,
Os canarinhos mandam bem nos oboés,
O espaçado piado do nhambu,
As garças brancas fazendo acrobacias rítmicas,
Os pássaros pretos imitam,
As gralhas semeiam as sementes de pinhão,
As magrelas siriemas perfilam-se em pé,
Os sanhaços tocam flauta,
Tocando baixo, o Trinca ferro pia alto,
Inundam os baixios,
Ecoam nos grotões,
Os ventos mansos dão uma forcinha,
Sobem os alcantilados,
Cortam as colinas,
Os bovinos e equinos sopram,
Entram pelas frestas das janelas e gretas das portas,
Invadem minh'alma,
Faz sorrir meu coração.
O magnânimo Jabuti cochichou no ouvido do Juca Tatu: "a aurora cantada sinaliza a paz mundial".
- tenho minhas dúvidas. A paz depende de outro bicho e não é exclusividade da Natureza. Dá uma olhada do lado de lá? Viu, dizem que a paz é branca, lá tá tudo cinza. - e voltou, lepidamente tocar sax.
- mas parece que ouvi alguém dizer "invadem minh'alma; faz sorrir meu coração". - insitiu.
- também ouvi. O detalhe que uma, apenas uma não representa a miríade de almas da humanidade. Às vezes almas traem as mentes, não são confiáveis aos pensamentos. Agora fique quieto. Seja altivo e toque alto; façamos bonito pela paz.
- A nossa Paz; e de mais alguns.
- Silêncio; já falou muito. Propõe-se uma coisa e faz outra?!
- o quê, por exemplo?
- o quê, o quê por exemplo? Viestes aqui para tocar ou para tagarelar? O maestro Araponga está de olhos em nós. Colocou o dedo no bico, pedindo silêncio.
No aconchego de 4 paredes cobertas pelo teto:
Ouvindo essa melodiosa, disciplinada e rítmica canção canora, impossível não obter forças e serenidade para superar os tormentos cotidianos; pois como falado por Juca Tatu, "a paz ecumênica depende de outro bicho, e não dos fenômenos naturais".
Deveras; e ao apreciar esse farto desjejum, meu paladar comunica à minha mente que a Natureza é a procuradora, é a representante máxima de Deus na Terra.
Eu? Ora, Eu...; Eu sou apenas um usuário consumista passageiro presunçoso de tudo que Ela me provêm! Com efeito, peço a Divina Natureza que perdõe-me; e a Deus que repare, cubra, proteja o cerne e não a casca, a qual envolve-me!
Cascas são descartáveis...; algumas são tão desprezíveis, que mesmo estando secas, esturricadas, inflamam mas não pegam fogo. E nem a ação dos fungos e bactérias, as transformam em aduto serrapilheira, fertilização natural do solo; alegria das minhocas. Certas cascas são esquisitas e difícil saber porquê foram criadas.
Difícil saber porquê vieram habitar o quase extinto pelo cinza, cinturão verde chamado Planeta Terra!