AMANHÃ, UM DIA A MENOS...
Quando em Minas,
incomodava-me
estar entre os animais.
Nunca ter ido além do esterco
e dos cogumelos.
Bosta de vaca virava rocha,
pra quebrar a cara
se houvesse queda.
Havia o pressentir,
um intuir um estouro
Num campo de quietos touros
vendaval sem arrancar o tédio.
Em cada úbere o mais puro leite,
em cada balde, o vazio que espreita,
ninguém para desleiterar os úberes
Vindos de bocas famintas
de palavras e de tudo.
Deixei o leite em garrafas,
Ceei doses de cachaça de Salinas
e desabei...
Arreio armado nas costas, e fui...
Fazendo rastros na estrada,
o que queria de Minas,
era estilhaçar cristais,
desenterrar turmalinas.
Para os anéis das meninas,
para os anéis de além-mar.
E assim, foram criar raízes
nos dedos das meretrizes
que prometeram me amar.
Depois, se foram meus ouros
e todas as pratas que eu tinha.
E guardado a sete chaves
só me restou a saudade
que insiste em infiltrar-se
Pelos poros, inspirando
esse poema mineral
que fui buscar lá nas Gerais.
Sofro da peste, a que mata até animais
por saberem, não voltar jamais.
Da experiência, nada de cabedal
de conteúdo, apenas um dedal.
O meu conforto, a roupa do corpo.
O pé no chão; a cabeça ainda não.
Ainda não...
( Lá em baixo corre o "velho chico", e tudo existe...)
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