Se é poesia que te excita, leve essa prosa pandêmica.
Minha alma e a tua,
carnais por desejarem
se encontrar tão nuas?
ainda loucas a delirar
estarem soltas nas ruas
sem máscaras, espaços
sem lhes separar
nem mesmo no cansaço.
Para viajar no que vejo,
é preciso de outra.
É preciso ser duas.
Que a nudez nos pouse
e nosso regaço nos ouse
uma outra história conte
sem saber bem onde
vão se encontrar,
mas vestidas de lua
ao sol espelhar.
Nossas almas são uma?
Nem tanto é o desejo,
pois quer se acompanhar.
Para viajar no que vejo,
é preciso de outra.
É preciso ser duas.
O que tem os corpos têm
a ver com a frugalidade
de nossas almas
que se querem nuas?
O que a Terra espera da lua
à noite, quando o sol
vai passear em outras ruas?
Para viajar no que vejo,
é preciso de outra.
É preciso ser duas.