AMANHECENDO
Manhãs vão chamando outras manhãs
A manhã é geral
Aqui e ali, e além
Além da terra
Além do cerrado
E de passagem derrama
Cristal de claridão
Em minutos, quando o sol
Entrar pela janela
Irá inocular calor
Em meu corpo, que já desenha
No assoalho
Os primeiros contornos
Da minha fuga
Tomo o café na rua
Visto a fantasia de verme
Abro os cadeados do dia
Metais tinindo ao sol
Zoeira de buzina
Serei assim assado
Dentro do trânsito
É pouca a página
Para descrever
O campo de batalha
Ninguém ouve
O desovar de uma vida
A minha vã prosopopéia
Dá a idéia de ser
Inútil, sem esperança
A minha vã poesia
Dá um contorno de fotografia,
Brilhoso e distante.
Hoje não passarei no
Bar da esquina
Tenho medo de
Lá me deixar ficar
E reescrever esse poema
Que se fez por si só
Pedaço por pedaço
Triste de ser solitário
Num apogeu de sol.
Não tenho os olhos
E as mãos de hoje cedo.
T@CITO/XANADU