PRANTO SOCORRO

O poema ignora a face que o advinha.

É a vida que ele quer

e - na encosta das fraquezas - procura-a.

Todas as manhãs

quando a boca do vento remorde alentos

há uma palavra nos nervos das árvores

que ensaia acontecer.

Ao meio dia (indecisa metade de tempo uno)

os versos

uni-versos multi-versejados

despencam das barrancas do infinito

para as águas dos rios

porque os corações anelam para sempre

o mundo pulsa para sempre

e para sempre a solidão engendra

no bosque do desencanto

poemas.

Vinde ó vós que estaveis no horizonte

vós que andáveis acarinhando cardos

com o pranto diário vinde.

Chamo-vos todos - matadores e mortos,

todos - esperançosos ou paladinos do calafrio.

A diluição das vossas caras

na luz pouca do sol ou dos quartos

será sangue para os nervosos pincéis

do poema que se desprende.

(Principiando o aprendizado da graça!)

T@CITO/XANADU

Paulo Tácito
Enviado por Paulo Tácito em 31/05/2020
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