AS BORBOLETAS TAMBÉM MORREM...
Um pouco de Teoria literária
Prosa, poesia, prosa poética e poema
Pesquisa por Mardilê Friedrich Fabre
Recanto das Letras
https://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/254058
Hoje acordei mais cedo;
ontem a noite fui ver minha mãe,
estava cambaleante, não a achei bem;
isso me deixou preocupada...
Esses dias de pandemia
faz com que tenhamos que nos afastar;
e os afastamentos que vivemos,
nos fazem em saudades lamentar...
Já faz uns dias que não vejo minha filha e neto,
e isso está a cortar meu coração;
dedico meu tempo aos cuidados domésticos,
lavando roupas e comida fazendo...
Levantei mais cedo e fui dar uma volta,
andar por entre meus vasos de flores,
retirar algumas folhas mortas
ou flor que caiu,
colocando sobre a terra do vaso...
Um canteiro estava com as folhagens
meio murchas; gosta de muita água.
Nesse ano, nas águas, floriu muito,
suas flores enormes,
parecendo uma grande coroa avermelhada;
peguei a mangueira e a aguei...
As fotos que tirei dela ficaram lindas.
E assim, entre o vai e vem das atividades,
fui ao fundo do quintal, parte separada da frente,
onde tenho alguns pés de frutas...
Colhi galinhos da pitangueira,
as frutas vieram poucas, e pararam;
folha de pitanga faz bem pra saúde,
colhi para meu chá diário, com demais ervas...
As borboletas brancas e amarelas voaram algumas,
lindas, leves, e quando entrei, vi uma grande,
com seu olho de coruja, a olhar, como que pra mim,
caída ao chão da calçada, imóvel...
Vendo a morte sendo anunciada todos os dias,
como um acontecimento agourento e anormal,
percebo o quanto tudo é tão natural...
Não tem novidade na morte!
Apenas o sofrimento de quem a tem por perto,
a levar parentes ou amigos seus,
é que a torna tão mais soturna...
E saber que a pessoa que talvez amamos,
não veremos mais...
Porém a vida nasce e morre todos os dias;
sejam na vida das pessoas,
sejam nas vidas das plantas,
dos animais, de tudo que nos cerca
e que nem percebemos...
Todos os dias se vai e se vem...
As crianças morrem;
Fetos no útero, morrem;
Jovens morrem;
Idosos tem que morrer, mesmo, um dia...
Pois se até as borboletas,
com toda a parafernália de lagarta
a gazulo, e ao voar lindo, morrem,
quem somos nós, animais racionais,
melhores que elas?
A morte faz parte da vida;
Todos dias nascem flores, borboletas, bebês;
e a vida continua, apesar de quem já morreu...
E o corpo humano precisa de muito enterro,
pra não tornar insuportável sua presença
face à terra;
Mas as borboletas morrem, e ficam expostas,
lindas e estáticas, no chão...
Vou recolher esta e levá- la à terra,
antes que os cães a resolvam fuçar...
Todos os dias se vai e se vem...
A morte faz parte da vida;
Não tem novidade na morte!
Só nos resta acreditar
que a vida segue, além...
Um pouco de Teoria literária
Prosa, poesia, prosa poética e poema
Pesquisa por Mardilê Friedrich Fabre
Recanto das Letras
https://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/254058
Hoje acordei mais cedo;
ontem a noite fui ver minha mãe,
estava cambaleante, não a achei bem;
isso me deixou preocupada...
Esses dias de pandemia
faz com que tenhamos que nos afastar;
e os afastamentos que vivemos,
nos fazem em saudades lamentar...
Já faz uns dias que não vejo minha filha e neto,
e isso está a cortar meu coração;
dedico meu tempo aos cuidados domésticos,
lavando roupas e comida fazendo...
Levantei mais cedo e fui dar uma volta,
andar por entre meus vasos de flores,
retirar algumas folhas mortas
ou flor que caiu,
colocando sobre a terra do vaso...
Um canteiro estava com as folhagens
meio murchas; gosta de muita água.
Nesse ano, nas águas, floriu muito,
suas flores enormes,
parecendo uma grande coroa avermelhada;
peguei a mangueira e a aguei...
As fotos que tirei dela ficaram lindas.
E assim, entre o vai e vem das atividades,
fui ao fundo do quintal, parte separada da frente,
onde tenho alguns pés de frutas...
Colhi galinhos da pitangueira,
as frutas vieram poucas, e pararam;
folha de pitanga faz bem pra saúde,
colhi para meu chá diário, com demais ervas...
As borboletas brancas e amarelas voaram algumas,
lindas, leves, e quando entrei, vi uma grande,
com seu olho de coruja, a olhar, como que pra mim,
caída ao chão da calçada, imóvel...
Vendo a morte sendo anunciada todos os dias,
como um acontecimento agourento e anormal,
percebo o quanto tudo é tão natural...
Não tem novidade na morte!
Apenas o sofrimento de quem a tem por perto,
a levar parentes ou amigos seus,
é que a torna tão mais soturna...
E saber que a pessoa que talvez amamos,
não veremos mais...
Porém a vida nasce e morre todos os dias;
sejam na vida das pessoas,
sejam nas vidas das plantas,
dos animais, de tudo que nos cerca
e que nem percebemos...
Todos os dias se vai e se vem...
As crianças morrem;
Fetos no útero, morrem;
Jovens morrem;
Idosos tem que morrer, mesmo, um dia...
Pois se até as borboletas,
com toda a parafernália de lagarta
a gazulo, e ao voar lindo, morrem,
quem somos nós, animais racionais,
melhores que elas?
A morte faz parte da vida;
Todos dias nascem flores, borboletas, bebês;
e a vida continua, apesar de quem já morreu...
E o corpo humano precisa de muito enterro,
pra não tornar insuportável sua presença
face à terra;
Mas as borboletas morrem, e ficam expostas,
lindas e estáticas, no chão...
Vou recolher esta e levá- la à terra,
antes que os cães a resolvam fuçar...
Todos os dias se vai e se vem...
A morte faz parte da vida;
Não tem novidade na morte!
Só nos resta acreditar
que a vida segue, além...