NOTURNO

A noite me respira!

Minha súplica é calma,

penso num sono infinito

do tamanho da vida.

Respira comigo,

a paz já inquieta.

Lento é o barco da noite...

Ninguém

de dentro da noite,

ouviria se eu gritasse agora,

além de um silvo.

Lá as paredes

não tem ouvidos,

lá me faço ficar...

Sonho! Sem sobressaltos

surge em meio à fumaça,

fotografias antigas

em preto e branco,

detalhes perdidos,

de tanto já ser tempo

se oculta.

Legados do escuro,

traços silênciosos

de manhãs abortadas,

lembranças de noites ermas.

Acordo na noite da vida,

para ouvir algum amanhecer dizer:

Nada existiu!

T@CITO/XANADU

Paulo Tácito
Enviado por Paulo Tácito em 12/05/2020
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